Com a publicação da Medida Provisória 746 de 22 de Setembro 2016 propondo reformas no atual Ensino Médio, houve reações de vários segmentos. Não vamos entrar no mérito dos termos da Medida Provisória. As propostas nela contidas, em si são, em grande parte, positivas e acompanham uma tendência de países com experiências exitosas em educação. O que nos preocupa novamente é, extasiados por ideias que dão certo em outros lugares, em gabinete, elaboramos leis e achamos que elas vão se concretizar nas escolas.
Atualizar a legislação é importante, no entanto precisa vir acompanhada da leitura da realidade a quem a lei se destina, e, com planejamento, criar as condições para que as propostas se concretizem na prática. Na nossa visão, novamente estamos discutindo apenas questões secundárias nesse caso e não nos centramos no problema central.
Ao perguntar os alunos do Ensino Médio sobre o que os desmotiva e os fazem evadir, rapidamente vem a resposta de que aquilo que aprendem não faz sentido e não tem utilidade para a sua vida. Que as aulas são desmotivadoras e cansativas. Indicam um ou outro professor que se salva por ser um entusiasta e inovar e que os faz trazer problemas da sua realidade para serem discutidos e construídas soluções. Essa também é a mesma constatação dos estudantes do Ensino Fundamental.
Se não formos capazes de efetivamente transformar, sem corporativismos, nossos discursos em prática quanto aos modelos de formação inicial dos professores, quanto a formação continuada, a revisão dos espaços, dos programas curriculares conectados com a realidade dos estudantes e dos tempos educacionais, a revisão e efetiva prática dos nossos projetos pedagógicos, quanto ao papel das equipes pedagógicas e, em consequência, implantar uma nova postura didática pautada na aprendizagem significativa e no protagonismo dos estudantes, dificilmente haverá um novo horizonte.
Podemos aperfeiçoar a legislação, mas a prática continuará a mesma. Por que não fortalecemos as instituições que estão se destacando em nosso meio, as qualificamos e fazemos com elas um plano regional, com indicadores e metas, tornando-as multiplicadoras para as demais? Toda a mudança vem de dentro para fora e jamais de fora para dentro. Portanto, nenhuma legislação por si só fará a transformação. São as reflexões da INOVARE EDUCACIONAL.